Retrato de Mim


retrato-de-mim

“Retrato de Mim” foi um Projecto Fotográfico que teve como objectivo último a sensibilização do público no que respeita à incidência do cancro da mama.

O Projecto “Retrato de Mim”, nasceu em 2011, quando a Associação Portuguesa de Apoio à Mulher com Cancro da Mama (APAMCM), a Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais (APVD) e o Movimento de Expressão Fotográfica (MEF) se juntaram para dar forma à ideia de usar a Fotografia como forma de expressão de vivências da doença nas suas várias fases.

Foi então lançado o desafio às pessoas com patologia mamária de criarem uma obra fotográfica que fosse portadora da sua experiência pessoal objectiva e/ou subjectiva sendo que as mensagens subjacentes giram em torno das ideias:

·        O Cancro não é uma fatalidade, é uma situação a fazer face (Desmistificar)

·        Cada pessoa mobiliza os recursos de que dispõe para lidar com a doença (Enfrentar)

O projecto foi exposto no Museu do Banco de Portugal, na Galeria do Casino da Figueira, no Hospital São Francisco de Xavier, na Casa de Santa Maria, em Cascais, na Câmara Municipal de Lisboa, entre outros locais e foi publicado na Revista CAIS, nº 176 de Setembro de 2012 e na secção Revelações da Super Foto Digital, nº 174, Setembro/Outubro 2012 e teve reportagem no Jornal da Noite da TVI a 30 de Outubro de 2012. Contou com o apoio da HP para a impressão das imagens que fizeram parte das exposições.

Testemunhos fotográficos de: Alexandra Teixeira, Anabela Gonçalves, Teresa Ambrósio, Rosa Acosta, Ana Catarino, Mónica Sousa, Conceição Costa, Maria José Ferreira, Cristina Vaz, Amélia Victoriano, Sidónia de Barros Rito e Maria Paula.

Duas imagens das exposições realizadas:

retratodemim_museubancodeportugal
Banco de Portugal
fotografia2
Casino Figueira

Duas imagens que integraram o projecto:

captura-de-ecra-2016-09-25-as-19-15-41
captura-de-ecra-2016-09-25-as-19-15-53

Sobre este projeto, José Oliveira escreveu:

Num recente artigo de opinião sobre o logotipo dos Jogos Olímpicos de Londres, o articulista, não gostando particularmente da escolha, dizia que, na sua apreciação, não conseguia passar do primeiro nível do princípio da designer, Mary Lewis, “first catch the eye, then the heart, then the mind”.

Talvez se possa aplicar o mesmo princípio na apreciação da fotografia. Se estas imagens cativam logo o olhar pela sua plasticidade, no saber de quem as concebeu, elas vão directas ao nosso afecto pela exposição pública que assumem os retratados, estimulando ao mesmo tempo um querer saber mais das suas histórias de vida, da sua relação com quem os rodeia, dos seus momentos de desalento e de coragem.

A fotografia é, na sua essência, revelação, mas na medida em que documenta, insinua, projecta, ela é igualmente participação e cumplicidade com o que nos rodeia, num processo de inclusão e reflexão. É este o valor acrescentado do projecto. Trazer um sentimento de maior humanidade a um mundo que se move em fast forward, que não pára para reflectir, em que os serviços noticiosos saltam levianamente de uma tragédia, ou de uma guerra, para um acontecimento social, nivelando tudo num mesmo registo.

E é neste mundo do tempus fugit que a fotografia teimosamente insiste em pará-lo, para que voltemos à imagem quando quisermos, para revê-la, para pensá-la, para reflectir. E estas imagens a isso obrigam.

Não é do drama que aqui se trata mas da coragem de viver, da dádiva de se mostrar, do afirmar-se poeticamente de corpo inteiro como seres humanos que vão à luta e vencem. Vencem todos os dias medalhas que talvez não sejam olímpicas, mas que perduram no seu querer, na sua vontade, na sua tenacidade, e no exemplo da sua generosidade.

É por tudo isso que estas imagens, como fotografias, me parecem completas.

José Oliveira


Movimento de Expressão Fotográfica